O problema com as Tradições do Yoga
Hoje vou contar sobre outra insatisfação que eu tinha com o Yoga Tradicional.
Pratico Yoga desde 1997 e até hoje, nenhum professor me deu uma boa justificativa de como eu poderia validar que as técnicas que aprendi estavam corretas.
Quando comecei no Yoga, estudei com um professor que dizia que seu conhecimento sobre o Yoga era o mais verdadeiro, a forma que ele tinha para comprovar isso era que ele dizia que havia recebido todo o conhecimento desse “Yoga Ancestral” na forma de uma revelação. Ele confirmava que esse era o conhecimento do Yoga mais Ancestral e por isso ele é o mais verdadeiro e como somente ele recebeu a revelação você só poderia aprender o “Verdadeiro Yoga” dele mesmo ou de alguém que ele autorizasse.
Depois estudei com um professor de Yoga que morou na Índia por 6 anos e viveu dentro dos mosteiros de Yoga chamados de Ashram. Esse professor também jurava que a linhagem que ele aprendeu era a verdadeira criadora do Yoga e que tudo tinha surgido a partir dela.
Em 2017, James Mallinson e Mike Singleton finalizaram o que pode ser considerado o maior estudo já feito sobre História do Yoga e o publicaram como livro com o nome de “Roots of Yoga”, uma verdadeira arqueologia das origens do Yoga.
Este estudo reuniu na Universidade de Oxford, na Inglaterra, especialistas em leituras de escrituras de toda parte do mundo. O projeto estudou todas as escrituras importantes do Yoga e forneceu uma linha do tempo de eventos importantes desde os Vedas de 1800 aC até o século XIX. Esse projeto histórico conseguiu merecidamente o reconhecimento da comunidade do Yoga e do meio acadêmico em grandes Universidades de todo o mundo.
A conclusão de “Roots of Yoga” é que nunca existiu uma linhagem “fundadora” do Yoga. Desde suas origens, o Yoga compôs seu acervo de técnicas a partir de contribuições vindas das mais variadas tradições.
Meu primeiro professor, desconsiderou essa pesquisa e continua afirmando que ele recebeu uma revelação e que o conhecimento do Yoga Antigo, “o verdadeiro Yoga” é somente alcançado a partir dos seus ensinamentos ou de professores autorizados por ele.
O professor que morou na Índia considera qualquer pessoa que vai à Índia para tentar ter aulas com os gurus um enganado. Na visão dele e da tradição que ele aprendeu, a única forma de aprender o “verdadeiro Yoga” é morando no mosteiro ou aprendendo diretamente de uma pessoa que viveu em mosteiros na Índia e conheceu a “verdadeira” linhagem do Yoga. Na visão dele, a pesquisa de Mallinson e Singleton não passa de elucubração intelectual sem nenhuma relevância e que nada tem a ver com o “Yoga verdadeiro”. O argumento que ele tinha sobre por que aquela era a verdadeira tradição do Yoga era que todo mundo na Índia reconhecia isso.
Fiz mais 2 formações em Yoga e continuei com problema epistemológico – como validar se os exercícios estão corretos?
A minha chave começou a virar quando comecei a entender o que é o método científico e o que diferencia a ciência bem feita da ciência mal feita.
Lendo artigos científicos que usam técnicas do Yoga comecei a entender que pouco importa se a técnica vem da tradição, a, b ou c o que importa é se ela produz algum tipo de efeito.
A partir de pesquisas usando ferramentas modernas como a ressonância magnética no cérebro comprovou o que o estudo de Mallinson e Singleton dizia, não importa a origem da Tradição, importa o que a técnica produz ou não produz efeitos.
A ciência possui uma vantagem com relação às tradições, pois na Ciência, a conclusão de um estudo nunca encerra o debate sobre o tema. E por conta disso, muito tem se descoberto sobre os efeitos de técnicas do Yoga como a Respiração e a Meditação.
Diferentemente das Tradições em que somente tem voz alguém que já é veterano, a Ciência, permite que qualquer pessoa,qualquer um mesmo, não precisa ser cientista, pode a qualquer momento apresentar provas que refutem qualquer um dos conceitos mais consolidados da Ciência, tal como as Leis de Newton ou a lei de distanciamento de planetas.
O conhecimento que mais cresce é o conhecimento que está descentralizado e que pode modificar-se com as melhores evidências.
Se queremos ser coerentes com o que estamos conseguindo comprovar sobre o funcionamento da Natureza sem negar o conhecimento científico que viemos acumulando nos últimos séculos, é preciso uma Nova Abordagem no Yoga. Uma nova forma de explicar como os mecanismos do Yoga funcionam, porque funcionam e até quanto podem funcionar.
Minha proposta para isso é apresentar os mecanismos pelos quais as técnicas do Yoga funcionam fundamentado na Neurociência.
A Neurociência é um conhecimento multidisciplinar que abrange áreas da Ciência como: física, química, biologia, anatomia, filosofia, psicologia e inteligência artificial. A Neurociência estuda como o cérebro funciona e como ele influencia o funcionamento de todo o corpo através do Sistema Nervoso. A Neurociência tem desenvolvido equipamentos que acompanham a atividade do cérebro em tempo real e com isso tem feito descobertas incríveis sobre o comportamento humano.
Se você gostou dessa história e quer saber mais sobre como o Yoga pode ser explicado a partir da Neurociência, comenta DEGUSTAÇÃO que vou enviar por mensagem um link para uma aula degustativa.
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